Bernardo Chatillon (Residência)

Bernardo Chatillon (Residência)

Reindeer Age #1

No Livro o Nascimento da Arte, Georges Bataille refere-se a Reindeer Age como o termo mais adequado para o tumultuoso surto de imagens pintadas na gruta de Lascaux.

Seguindo esta ideia de Tumultuoso surto de imagens decidi restaurar memorias perdidas e dar o termo  Reideer Age para formar uma serie de episódios Auto-biograficos que se fundem com outras ficções

A primeira Historia Reindeer Age #0 começa com a memoria do dia em que comi arroz doce com uma faca que o meu avô usava para os trabalhos do campo e a noção de estar entre o perigo de cortar os lábios e o prazer de provar aquele doce.

Reindeer Age #1 é um segundo episódio desta serie, que parte da memoria em que juntamente com os meus pais íamos de carro até ao algarve. Não sei se era o calor de agosto juntamente com a aquela play list e as conversas que ouvia ou se era delírio puro a loucura daquelas viagens.

A ideia é de uma viagem interrompida, uma viagem suspensa misturada e baralhada que é interceptada e assume a forma de uma performance num lugar vazio, numa margem, num limite em suspensão.

Parto da experiência destas memorias, fazendo me acompanhar pelo pensamento proposto por Carlo Rovelli no seu livro, “A Ordem do Tempo”, onde ele nos convida a refletir sobre a seguintes questões: “Por que nos lembramos do passado e não do futuro? O que significa o “fluxo” do tempo? Existimos no tempo ou o tempo existe dentro de nós?”, pelos os exercícios de escrita somática propostos pelo poeta e autor CA Conrad’s que tive o privilégio de conhecer durante o Tanz Kongress 2019, Alemanha.

A minha ideia para uma Prática (Soma)tica, investiga este espaço aparentemente infinito entre o corpo e o espírito, usando quase todas as coisas possíveis em redor ou o corpo para canalizar o corpo para fora e/ou para dentro do espírito com concentração deliberada e sustentada e o livro The Fall of Heaven:  Palavras de um Shaman Yanomami contadas a Bruce Albert (etnólogo Francês). Uma crítica poderosa para questionar a noção de progresso e desenvolvimento.

Para explorar este complexo entrelaçamento de mundos, procuro investigar noções de tempo, estruturas de jogos e linhas de texto em movimento, explorar situações inacabadas, improvisar dúvidas e novos começos para revelar e comunicar algo que já existe, algo que está para vir em suspenso. Um diálogo quase circense e uma descrição do que resta no fim dos tempos, como se se perdesse qualquer vestígio de temporalidade.

Conceito, coreografia e performer: Bernardo Chatillon
Música: Marc Lohr
Espaço cénico: Tiago Gandra
Consultoria artística: Fernanda Eugénio
Apoios: Fundação Calouste Gulbenkian, Org.i.a/Bolsa Self Mistake
Residência de co-produção: O Espaço do Tempo e Trust

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