APOCALYPSO
Aqui nesse espaço onde nos encontramos as paredes se amolecem. Elas estão húmidas e começam a suar um líquido cheio de feromônios que nos sinalizam calma e prazer. Começamos também a transpirar de leve, e nosso orifícios se lubrificam relaxados. Boto meu dedo indicador na boca, e com a saliva que recolho desenho no chão uma encruzilhada. O rastro molhado começa a se acender, enquanto o interior desses caminhos escurece. Estamos no meio da encruzilhada, e as quatro direções a nossa volta espiralam, planam, explodem, se replicam.
Seguimos todos os caminhos ao mesmo tempo
A palavra apocalipse vem do grego APO – tirar, e KALUMA – véu, significando literalmente DESVELAR. DES-VER. VELAR. Pensamos APOCALYPSO como uma possibilidade de retirar véus que cobrem construções invisíveis do mundo colonial enquanto uma maneira de destruí-lo. Essa destruição surge em uma encruzilhada sensitiva que ativa o corpo como lugar cartográfico de atravessamento, onde performatividade, espiritualidade, ficção e feitiço se cruzam e turvam seus limites.
Apocalypso é um duo conceptualizado e dirigido por Luara Raio, interpretado e co-criado com a bailarina e coreógrafa brasileira Acauã El Bandide Sereia. A cenografia é de autoria da artista performer e cenógrafa Anat Bosak e iluminação assinada pela performer e iluminadora, Luisa Labatte. O processo criativo teve início em dezembro de 2021 no ICI-CCN – Centro Coreográfico Internacional de Montpellier no contexto do Master exerce.
Conceção e dramaturgia Luara Raio
Coreografia e performance Luara Raio e Acauã El Bandide Sereia
Cenografia e figurinos Luara Raio e Anat Bosak
Desenho de luz Luisa L’Abbate
Residências artísiticas Honolulu Residency (Nantes, França), Criatório – Circolando (Porto, Portugal), ICI—CCN (Montpellier, Frana), Forum Dança (Lisboa, Portugal)
Apoios ICI—CCN, Circolando, Centro Cultural de Belém, Rua das Gaivotas 6, O Espaço do Tempo