Um rio é uma entidade caprichosa e poderosa, capaz de irrigar campos, mas também de arrasar tudo no seu caminho. Uma barragem pode moldar-lhe o feitio e proteger a Aldeia de Baixo. Mas, dilema, se retiver demasiada água arrisca-se a inundar a Aldeia de Cima. Para o evitar, os anciões dos dois povoados, numa conversa diplomática com civilizadas evocações de cachaporra, criaram o cargo de Guardião do Rio, função que consiste em fixar atentamente, vinte e quatro horas por dia, o nível da água e abrir a torneira ao mínimo sinal de cheia. Não é uma profissão tecnicamente difícil, mas é muito absorvente e muito, muito solitária. Solitário, celibatário, amargurado, eis o Guardião do Rio. Um tipo que tem de puxar pela imaginação para conseguir manter alguma conversa. Tem de puxar tanto pela imaginação que talvez não sejam conversas, mas alucinações, o assunto que traz à margem do rio o Dr. Frederico, especialista (por experiência própria) em perturbações da personalidade.
O Guardião do Rio é um divertido exercício de esquizofrenia, possibilitado pela convivência de marionetas e actor.
Texto e encenação: Ricardo Alves
Interpretação: Ivo Bastos
Direcção plástica: Sandra Neves com Joana Caetano
Sonoplastia e música original: Rodrigo Santos
Fotografia de cena: Pedro Vieira de Carvalho
+16 anos