Utopia — Diana Niepce

Utopia — Diana Niepce

Utopia — Diana Niepce

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Utopia é uma peça que opera na linguagem da performance, com uma forte componente de dança e de teatro, desenvolve-se em diferentes tempos e espaços, num diálogo dissonante em que o som e texto da peça é pensado como uma obra para pessoas com deficiência visual, assim como a vibração uma peça sonora para surdos.

O corpo não existe sem a sua história. A memória gera a sua linguagem, e uma não existe sem o outro. Corpo guardião das suas histórias. Corpo singular que não gera a cópia imperfeita de um outro corpo. O mundo que discrimina por ser demasiado normal, é o mesmo que discrimina por ser demasiado diferente. Não quero ser escrava da máquina que dita a imagem daquilo que eu deveria ser. Vim contar-vos o fim da história do corpo da norma, essa velha que nos diz que o virtuosismo está na perfeição e nos obriga a esconder as imperfeições do corpo, até nos tornarmos fotocópias uns dos outros.

Não vou esconder as orelhas tortas, não vou esconder as rugas, não vou fazer uma cirurgia ao nariz por ele ser demasiado grande. Não quero compactuar com a opressão do corpo e continuar a esconder as “deformações”, quando estas revelam possibilidade. Vou-vos contar a história da destruição do corpo utópico. Aqui o corpo revela a sua identidade enquanto manifesto, a linguagem procura a reformulação das convenções do vocabulário das artes performativas, a palavra propaga-se pela escuta que trará o seu retorno. Interessa-me a hierarquização do corpo, a diversidade enquanto gesto político e a reinvenção da relação poética do corpo com o mundo. O mundo e o corpo são dispositivos performativos do ativismo assumido que procura uma rutura com as várias normas disseminadas no padrão de corpo normativo e não normativo.

 

Ficha Artística / Técnica

Direção artística/Criação: Diana Niepce
Interpretação: Inês Coias e Rui Paixão
Direção técnica: Nuno Samora
Sonoplastia: Diogo Melo, Gonçalo Alegria
Cenografia: Franko B.
Figurinista: Silvana Ivaldi
Fotografia: Alípio Padilha
Vídeo: Wojtek Kaniewski
Assistente de produção: Nuno Pratas
Produção: Terra Amarela
Residência de co-produção: O Espaço do Tempo e Biblioteca de Marvila
Coprodução: Teatro do Bairro Alto e Teatro Municipal do Porto – DDD 2024

 

Sobre Diana Niepce

Diana Niepce é bailarina, coreógrafa e escritora. Formou-se na Escola Superior de Dança, fez Erasmus na Teatterikorkeakoulun (em Helsínquia), fez Mestrado em Arte e Comunicação na Universidade Nova de Lisboa, completou a formação CPGAE do Forum Dança e é também professora habilitada de hatha-yoga.
É criadora da peça de circo contemporâneo “Forgotten Fog” (2015) e das peças de dança “Raw a nude” (2019), “12 979 Dias” (2019), “Dueto” (2020), “T4” (2020) e “Anda, Diana” (2021). Enquanto bailarina e performer colaborou com o Bal-Moderne – Companhia Rosas, Felix Ruckert, Willi Dorner, António Tagliarini, Daria Deflorian, La fura del baus, May Joseph, Sofia Varino, Miira Sippola, Jérôme Bel, Ana Borralho e João Galante, Ana Rita Barata e Pedro Sena Nunes, Mariana Tengner Barros, Rui Catalão, Rafael Alvarez, Adam Benjamin, Diana de Sousa e Justyna Wielgus. Fez direção artística e formadora da Formação de introdução às artes performativas para artistas com deficiência na Biblioteca de Marvila – CML (2020).
Publicou um artigo no livro “Anne Teresa de Keersmaeker em Lisboa” (ed. Egeac/INCM), o conto infantil “Bayadére” (ed. CNB), o poema “2014” na revista Flanzine, o artigo “Experimentar o corpo” no jornal de artes performativas Coreia e o livro “Anda, Diana” (ed. Sistema Solar). Júri do prémio Acesso Cultura 2018 e Júri oficial do Festival – Inshadow 2018 e Júri do programa NCED – Eu solidarity 2021.