Os Idiotas — Terceira Pessoa

Os Idiotas — Terceira Pessoa

Os Idiotas — Terceira Pessoa

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“Os Idiotas” é a última criação da tetralogia iniciada em 2015, em torno do processo teatral, em que uma ideia normativa, orgânica ou meramente funcional de «teatro» é posta em causa, a partir das condições elementares que estão subjacentes à organicidade dessa convenção artística ou pressuposição formal.

Em “The Old Image of Being Loved” (2015), os espectadores eram diretamente implicados no processo de criação artística enquanto participantes; em “Senso Comum” (2018), a ênfase recaía sobre a escrita do texto em tempo real; e, em “Tekné” (2021), era dado relevo à técnica, à montagem e desmontagem cénica, como dispositivo processual da criação performativa.

Em “Os Idiotas”, o leitmotiv é o trabalho de interpretação dos atores e das atrizes, enquanto motor de pesquisa e experimentação em torno dos binómios ficção/realidade e, consequentemente, performers/público. Não se pretende operar uma dicotomia entre estes planos, mas antes a tentativa de os colocar num plano horizontal, numa presença ativa, mesmo que sob percepções distintas, centradas na presença dos atores e atrizes. Deste modo, contraria-se a criação artística como uma unidade coesa de totalidade de sentido, pensando-a antes como um acontecimento impuro, na margem do risco e da imprevisibilidade.

Dramaturgicamente não se pretende inventar uma ficção a partir do mundo, mas observar o mundo pelos olhos da ficção, observar a própria ficção de que o mundo é, em simultâneo, a sua exuberância clara e obscura, benigna e aterradora, racional e intuitiva. Observar o próprio ato de observar, admitir o risco de que, dirigindo ao mundo um olhar, se aceita a condição inelutável de sermos igualmente observados pelo mundo: “o que vemos, o que nos olha”, como propôs Didi-Huberman.

Fazer da condição do ator, que experimenta dentro e fora de si o esboço de um personagem, o motor para um questionamento inapaziguável que coincide com a plena afirmação do real artístico.

Com criação de Ana Gil, Nuno Leão e Óscar Silva e dramaturgia de Miguel Castro Caldas, “Os Idiotas” procura descarnar a técnica da representação testando os binómios referidos, sob uma ficção concreta: um grupo de atores desempregados forma um clube para praticar a arte da representação necessária à profissão. É neste enquadramento narrativo que se pretende problematizar a possibilidade do teatro, da condição do ator que continuamente se confronta com o que nele se refaz e desfaz, gladiando obstinadamente com o silêncio – como se quanto mais se representasse, mais acabasse por faltar.

 

Ficha Artística / Técnica

Concepção_ Ana Gil, Nuno Leão, Óscar Silva | Criação_ Ana Gil, Miguel Castro Caldas, Nuno Leão, Óscar Silva | Texto_ Miguel Castro Caldas | Interpretação_ Ana Gil, Filipa Matta, Óscar Silva, Tiago Barbosa e Vera Kalantrupmann | Ator Convidado_ Diogo Dória Desenho de Luz e Som_ pedro fonseca / colectivo, ac Espaço Cénico_ colectivo, ac | Design de Comunicação_ Cátia Santos | Registo de Vídeo e Fotografia do Processo_ Tiago Moura | Produção Executiva_ Rita Boavida | Apoio à Produção_  Bruno Esteves | Produção_ Terceira Pessoa | Coprodução_ TNDMII e Teatro-Cine de Torres Vedras | Apoios e acolhimento_ Município de Castelo Branco, Teatro Municipal de Ourém, Centro Cultural Município do Cartaxo, Centro Cultural de Celorico da Beira, Teatro Viriato em Viseu, Teatro Gil Vicente de Barcelos, Teatro Municipal de Bragança, Cine Teatro João Verde em Monção | Residências de criação_ Fábrica da Criatividade, O Espaço do Tempo, 23 Milhas, Teatro do Silêncio, Ajidanha, Teatromosca, Rua das Gaivotas 6 e Cão Solteiro | Parceiros media_ Antena 2 e CoffeePaste | Financiamento_ Direção Geral das Artes / República Portuguesa – Cultura

 

Sobre Terceira Pessoa

A Terceira Pessoa é uma estrutura que desenvolve projetos artísticos, com especial enfoque nas artes performativas e cruzamentos disciplinares.

Nos seus projetos, privilegia uma abordagem multidisciplinar, integrando profissionais provenientes de linguagens artísticas diversificadas. Abrangendo públicos de várias faixas etárias e de meios sócio-culturais diversos, a Terceira Pessoa constrói um projeto de aproximação da comunidade aos territórios culturais da sua zona, bem como de outros locais do país e de promoção de uma troca entre o património local e as linguagens contemporâneas.

Foca assim a sua ação em três eixos principais:
– produção e criação de objetos artísticos com assinatura da estrutura e difusão das suas zonas de ação como lugares de produção e criação artística e de projetos comunitários a nível nacional e internacional;
– desenvolvimento e aproximação dos públicos às linguagens artísticas contemporâneas, através de dinâmicas de metodologias participativas e colaborativas regulares;
– organização de ciclos de programação artística pluridisciplinar que potenciem a circulação de criadores contemporâneos e o acesso público das populações a propostas de índole assumidamente contemporânea e experimental.