Terra Cobre — João Pais Filipe e Marco da Silva Ferreira
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Terra Cobre, nova criação do artista sonoro João Pais Filipe e do bailarino Marco da Silva Ferreira, nasce e expande-se a partir da vila de Alcáçovas (Alentejo), num processo criativo que cruza a arte chocalheira tradicional de Alcáçovas – método ancestral de um processo de fabrico manual – com práticas artísticas contemporâneas, ancoradas na percussão e na dança.
Pertinente – os chocalhos são uma prática que foi declarada Necessidade de Salvaguarda Urgente, pela UNESCO, em 2015, sendo a primeira vez que uma criação artística de dança se foca nesta prática tradicional –, original – trata-se de um processo colaborativo que funde as disciplinas de percussão e dança, para além de propor uma dimensão imersiva do público, que é convidado a circundar o espaço cénico e a participar na ativação física e sonora de estruturas instalativas –, inovador – pelo cruzamento geográfico de artistas Norte-Alentejo, que, numa perspetiva antropológica, criativa e inventiva, desafiam a iconografia e simbologia tradicional portuguesa para a colocar num patamar exploratório e hiper-sensorial –, Terra Cobre permite a João Pais Filipe e Marco da Silva Ferreira, com os demais colaboradores artísticos, aprofundar as suas investigações em torno de um dispositivo que oferece premissas coreográficas assentes no património material e no questionamento das propriedades históricas e culturais dos objetos e das identidades sonoras, coreográficas e visuais.
Ficha Artística / Técnica
Criação e interpretação: João Pais Filipe e Marco da Silva Ferreira
Instalação: João Pais Filipe
Música: Henrique Fernandes
Direção de produção BoCA: Hugo Alves Caroça
Direção de produção Futurama: Ana Ademar
Coprodução: BoCA, Futurama
Apoio: Ministério da Cultura / Direção-Geral das Artes, Fábrica de Chocalhos Pardalinho, Câmara Municipal de Viana do Alentejo, O Espaço do Tempo
Sobre João Pais Filipe
João Pais Filipe é um baterista/percussionista, compositor e escultor sonoro do Porto. O seu percurso como músico caracteriza-se pela abordagem aos mais diversos estilos e linguagens, em bandas como Sektor 304, HHY & The Macumbas, Talea Jacta, Paisiel, Rafael Toral Space Quartet. Tocou também com Z’EV, Evan Parker, Fritz Hauser, Steve Hubback, entre outros. No seu primeiro álbum, inspirou-se na eletrónica/dança/techno, que evoluiu da percussão do krautrock para espernear à vontade o talento. Em “Sun Oddly Quiet” (2018) abandona, com todo o voluntarismo, as preconcepções que existem e aventura-se por uma nova estrada sem qualquer mapa. Está a tatear terreno novo na carreira a solo, evidenciando que não quer uma única associação ao seu trabalho, e que o ouvinte o perceba como um compositor/percussionista e não apenas como uma só dessas partes. Essa expansão criativa – e também motivacional – é empurrada por outra relação que João Pais Filipe tem com os seus instrumentos, enquanto construtor de gongos e pratos ou címbalos. Um conhecedor da sua matéria-prima que ousa a que o instrumento soe mais do que o seu propósito e que possa cantar mantras através de ritmos.
Sobre Marco da Silva Ferreira
Marco da Silva Ferreira é intérprete de dança desde 2010, coreógrafo desde 2013 e diretor artístico da Pensamento Avulso desde 2013 – datas que alicerçam a sua cronologia na dança. Academicamente, é graduado em Fisioterapia, profissão que nunca exerceu, mas que concentra os seus estudos em Ciências da Saúde. A prática do corpo iniciou-se em 1996 através do desporto, especificamente a natação de alto rendimento. Em 2002, abandonou as piscinas para dar lugar às artes performativas. Daí, o seu percurso fez-se de forma autodidata por estilos de danças que fluiam em contexto urbano e com influências afro-americanas. Até 2010, quando venceu o concurso televisivo So You Think You Can Dance, o seu foco e léxicos de dança foram se tornando cada vez mais diversos. Como intérprete, trabalhou com André Mesquita, Hofesh Shechter, Sylvia Rijmer, Tiago Guedes, Victor Hugo Pontes, Paulo Ribeiro, David Marques, entre outros. “HU(R)MANO” (2013) é a sua primeira criação financiada pela Direção-Geral das Artes, que integrou a plataforma Aerowaves Priority Companies 2015 e (re)connaissance. Foi com “BROTHER” (2016) que consolidou um discurso autoral, numa linha de reflexão sobre a dança, as suas origens e o seu sentido nos dias de hoje, a partir do corpo contemporâneo. Estreou-se no Teatro Municipal do Porto-Rivoli e tem tido uma vasta digressão internacional e nacional. Entre 2018 e 2019, foi artista associado do Teatro Municipal do Porto, e, entre 2019 e 2021, artista associado de Centre chorégraphique national de Caen na Normandia.