Apneia — Malvada, Associação Cultural
O espetáculo Apneia integra o projeto de cruzamento disciplinar de religação à natureza Planta, ao longo do qual também se apresenta uma Escrita Epistolar e uma Exposição Fotográfica, interligados num processo de inteligência distribuída similar ao das plantas.
A dramaturgia parte da ideia de jardim como laboratório de experimentação de relações, um espaço delimitado, de conexão com a natureza e de escuta do outro. Na cena aprofundamos o caráter corpóreo intrínseco da noção japonesa de “Ma”, privilegiando a percepção e a visão relacional. É este espaço de coexistência e alteridade que se explora, em que o limite não é uma fronteira que separa mas uma linha permeável.
A cena apresenta-se como um ensaio, no duplo sentido de criação e repetição. O processo de extinção começou há muito tempo e decorre a alta velocidade. Podemos desacelerar um pouco, ensaiar a imobilidade, a suspensão voluntária ou involuntária da respiração. Mas os seres humanos só conseguem viver em apneia durante alguns minutos mantendo a lucidez.
Somos exemplos de uma espécie em extinção. Fósseis. Não conseguiremos contar-vos linearmente como é que chegamos a esta situação. A despedida do mundo aconteceu sem nos apercebermos. Não houve sequer um fim de festa e por isso choramos.
A alucinação versus o cotidiano ou a alucinação do cotidiano.
Os corpos desaparecem no escuro engolidos para um lugar desconhecido, invisível. Dessa escuridão vislumbra-se uma mão, um ombro, um peito nu. Uma voz. Um rosto. As raízes de vidas suspensas que se mostram.
O que sabemos nós sobre as plantas?
O que sabemos de nós?
Ficha Artística / Técnica
Criação Ana Luena e José Miguel Soares; Texto, encenação, cenografia e figurinos Ana Luena; Interpretação Helena Baronet, Nuno Nolasco e Rafael Ferreira; Desenho de luz Pedro Correia; Música e interpretação ao vivo Zé Peps; Assistência de produção Beatriz Ourique; Coprodução Município de Évora, Teatro Municipal de Bragança, Teatro Municipal de Vila Real; Residência de coprodução O Espaço do Tempo; Mecenas Gama Uno; Cofinanciado por Alentejo 2020, Portugal 2020, Fundo Social Europeu, União Europeia, IEFP, Compete; Parceiro Instituto Politécnico de Bragança; Produção Malvada Associação Artística
Planta tem o Apoio da República Portuguesa – Cultura / Direção-Geral das Artes
Sobre Malvada – Associação Artística
Fundada em 2018 por Ana Luena e José Miguel Soares, a dupla responsável pelas criações artísticas e direção deste projeto sediado em Évora, a Malvada aposta num território periférico como centro de criação e reflexão artística contemporânea.
A Malvada tem como fim a realização de projetos de criação que abrangem diferentes áreas artísticas e do conhecimento, frequentemente cruzando disciplinas como a fotografia, o vídeo, a literatura, a música, o teatro e a performance. Promove atividades de criação e fruição artísticas que envolvem a comunidade através da participação ativa em ações de mediação, serviço educativo, acessibilidade e inclusão social, potenciando uma relação de proximidade entre públicos diversificados e a obra artística.
O trabalho em rede é uma das suas orientações, reunindo, em equipas heterogéneas, profissionais de Évora e de outras zonas do País, desenvolvendo e apresentando as suas criações neste e noutros territórios, e estabelecendo parcerias e coproduções com instituições nacionais.